domingo, 29 de março de 2009

P127-CARTA PARA O SR. GENERAL ALMEIDA BRUNO.

Senhor General
Eu sinto-me muito honrado em ter pertencido a um dos tais “bandos” que vaguearam pela Guiné e se “escondiam” atrás do arame farpado muito calmamente à espera que o inimigo nos viesse visitar. Outros, com muito mais categoria e responsabilidade o faziam no “ ar condicionado” e longe do perigo “escondidos “em Bissau.
As suas afirmações foram a resposta à questão que me perseguia desde o dia em que pisei o “tchão” da Guiné. Agora entendo o porquê de durante dois longos anos que por lá andei em “bando” (felizmente não era de malfeitores – provam-no a forma como tenho sido recebido pelas populações que tenho visitado ultimamente - ). Porque é que os oficiais do Q.P. eram aves muito raras no teatro profundo da guerra?
Lá nos locais por onde andávamos, e, lutávamos em nome de uma Pátria, e chorávamos de desespero ao vermos os camaradas caírem, e partirem para a eternidade ou feridos gritarem pela mãe e se agarrarem a pagela da “mãe do Céu” última esperança de salvação, ou, de medo por sentir que o próximo podia ser qualquer um de nós.
Lá nesse “inferno” conheci poucos. O Capitão Rei (dos Lenços azuis), e os Majores Carlos Azeredo e Carlos Fabião de quem guardo, e, creio mesmo muitos camaradas dos tais “bandos” estarão de acordo comigo, as melhores recordações e o Capitão da 15 ª de Comandos que fazia jus em partir com os seus homens para o mato, tropa especialista que me habituei a admirar, pela coragem e abnegação mas que pelos vistos também fazia parte dos tais “bandos” .
Constou-me que havia um capitão do Q.P. em Gandembel, mas estranhamente nas vezes que lá fui (O “bando” às vezes fazia umas pequenas saídas para se divertir) estava sempre para Bissau.
Havia ainda um outro, o senhor mesmo, com a patente de capitão, que apareceu algumas vezes, vindo do céu, a acompanhar o Comandante Geral. Estou a ver a sua imagem de óculos escuros tipo James Bond, luvas brancas, botas a brilhar e de camuflado ainda virgem. Isto é. Ainda cheirava a novo, nunca tinha passado pelas águas fétidas e sujas da bolanha e dos tarrafos. Não estava manchada pelo suor que nos derretia nas longas caminhadas à “caça do inimigo, em operações que os senhores do Q.P controlavam e comandavam, mas, de avião. Nem surrado dos dias e noites passados em emboscadas, colado à terra vermelha e quente, onde expectantes observávamos o terreno na mira de alguém desprevenido que ousasse por ali passar . . . Havia ainda as colunas, que o senhor não fazia, e a massacrante e arriscada segurança na construção de estradas e depois . . . o descanso no serviço à segurança da Unidade.
Pode crer que fazíamos isto tudo para nos divertirmos. A prova está nos cerca de 10.000 mortos e muitos mais, feridos fisicamente nestas “diversões” e os que ainda hoje sofrem as mazelas físicas e psíquicas daquelas andanças.
Era este o trabalho que estes “bandos “ de que o senhor falou com tanto desdém faziam na Guiné, mas para quem estava em Bissau, nas “bolanhas” de alcatrão e casernas de ar condicionado, não era nenhum trabalho especial. Pelo menos servíamos para isolar Bissau do perigo da presença armada do Inimigo por perto, podendo os “senhores da guerra”, dormir descansados. Dê-nos pelo menos esse mérito, senhor general.
Deixe-me dizer-lhe ainda, que agora entendo porque razão a classe militar e a classe politica, dá o mais profundo desprezo aos combatentes que tanto deram pela Pátria, abandonando-os à sua sorte.
Quantos de nós ainda sofre na pele as mazelas do que viveram na guerra.
Quantos de nós não consegue dormir uma noite em paz, perseguido pelos fantasmas que ganhou ( as medalhas ) na guerra.
Quantos de nós tem uma vida destabilizada, pessoal e familiar , pelas doenças do foro psicológico que persistem e os inibe, por exemplo, de trabalhar de se relacionarem como pessoas com pessoas.
Quantos de nós procuram no álcool e nas drogas um lenitivo que faça esquecer.
E os que ficaram no terreno em campas perdidas no mato. Esquecidos de todos, menos dos camaradas e da família que não consegue fazer o luto e mantém a dúvida.
Agora entendo senhor general, nas suas palavras a razão de tantas perguntas que ,nós os combatentes, fazemos a nós mesmos e para as quais não tínhamos resposta – Afinal éramos uns “bandos” armados a “mamar” o sangue da Pátria.
Que tristeza ouvir da sua boca, da boca de um “distinto” general de óculos escuros, tanta “baboseira”.
Até o General Spínola, que me habituei a respeitar como um comandante dos que há poucos, por este mundo fora e tanta consideração expressava por nós a “tropa macaca”, deve ter dado umas voltas no caixão e se pudesse lhe arrancaria os galões, como fez a alguns que considerava indignos de os usar.
José Teixeira
1º Cabo enfermeiro – Guiné 1968/1970

5 comentários:

  1. nasci em bissau, em 1962, onde o meu pai, alferes, estava a "mamar" o sangue da pátria e até onde a minha mãe o seguiu: todo o meu respeito e admiração por este testemunho enorme e de enorme dignidade. e olhe, gaijinhos apequenados vão sempre cuspir merda. mas quando forem para o jardim das tabuletas, essa mesma merda os irá entupir.

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  2. a esta gentinha que envergonha qualquer exercito, porque eu no tempo que estive na guine-Bafatá, era ver este tipo especie de gente atraz sempre atraz de pingalin debaixo do braço a emitar o homem que ele sempre seguia mas que... bem o que tenho a dizer convivi varias vezes com ambos e a dignidade no entao brigadeiro spinola e o capitao almeida bruno que todos os dias com ele falava para o mandar ligar a chamada ao sr comandante chefe, nao tinha nada a ver um com o outro um era militar o outro mais parecia o que realmente era um manequim militar sempre de farda bem brunidinha bem limpinha e de cromados de fazer inveja do ronco ostentado, mais nada nunca vi nesse dito militar, mas quando o vejo verde por fora e vermelho por dentro logo me lembro das melancias so que sao como ele, agora que oi conheço e sei o que este tipo é... bem e mesmo melancia, so se sabe se presta para comer quando se abre e este mesmo fechado no gabinete logo se ve a porcaria que se espalha quando a ventoinha se liga... bem parece que so cheira mal la pros lados da 2ª circular... mas gente desta nem os bichos da terra os quer... como temos nos de com os nossos impostos os sustentar em todas as mordomias que exigem quando para nada servem senao para absorber os meus impostos para no fim ainda cantarem de galo... quando mais parecem grilos e ou cigarras cantadeiras...

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  3. almeidabruno.filomenamaria@yahoo.com
    Prezados irmaos, camaradas e amigos.

    Boas tardes. Penso que ja me introduzi previamente, antes de 28 de Julho de 2023, e por qualquer razao o ultimo comentario nao ca esta. Entretanto me entrego nas vossas maos o meu directo email, para nao haver confusao. Me introduzo a vossas Excelencias que sou Filomena de Almeida Bruno, e fui a esposa e presentemente sou a VIUVA do General Joao de Almeida Bruno. O General faleceu no Hospital de Forcas Armadas em Lisboa aos 09 Agosto de 2022 que ja se passou um ano. O General deixou me como a sua esposa e tres filhos. Dois filhos e uma filha que eh a enteada. Depois disso a razao porque escrevo novamente ca nesse blog do Tamanca de Matosinhos e CAMARADAS de GUINE e vos responde em ves do meu falecido marido. Para iniciar o meu falecido marido tinha um grande ORGULHO

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  4. almeidabruno.filomenamaria@yahoo.com
    segunda parte
    grande entusiasmo quando contava a Historia da vossa audacia, valentia, bravura..e essa coragem LUSA. O General foi esfaqueado, emboscado de regresso a sua Comissao, e como Pantera infiltrava e passava noites em branco, fome e sede.. como voces os grandes Combatentes contribuiram. O General como voces todos grandes camaradas, amigos e irmaos de sangue, focava determinadamente nos combates, evadir das grandes emboscadas e seriamente muitas das vezes as informacoes adqueridas eram falsas e dahi ele proprio enfrentava os inimigos pessoalmente. Consegui muitas das "proezas" acerca das grandes irmandades. amizades eternas, como o meu fabuloso marido adqueriu porque neste momento em HOMENAGEM a voces todos grandes MAQUINAS, HEROIS, VALENTES, SOLDADOS que lutaram FEROZMENTE para a Patria, consegui "arrancar" a beleza dalgumas palavras adequadas e de factos ORGULHOSOS feitos por voces grandes Soldados...a admiracao total que tenho a voces todos eh fundamental. E mais quando sao voces os verdadeiros actores dum filme que ninguem poderia assemelhar. Mas entao se nao me acreditar, entao meus irmaos, camaradas e amigos...veja o documentario feito pelo Furtado entitulado MEDINA DE BOE, A RETIRADA. Entrevistaram o meu falecido marido e o porque do entao Brigadeiro Espinola, hoje Marechal, decidiram abandonar a Medina de Boe, ...e como foi uma tragedia quando quarenta e seis ou a oito combatentes morreram afogados. Eu, Filomena de Almeida BRUNO, senti um grande e pesado dor pelas percas de vida, neste video meu falecido marido evoca a grande ferocidade e o quao valente, e heroicos, e para acrescentar
    quantos destemidos, ousados voces eram e ainda sao. Neste momento, ate poderia ca estagiar uma parte do PREFACIO do livro da HOMENAGEM AOS GRANDES COMBATENTES que exercitaram e muitos morreram para a PATRIA, mas em lugar de contar como o grande perigo vos enxergava, o meu falecido marido contava a historia dum modo mais relaxante e mais historico. Desta maneira, apesar de pedir a vossa Excelencia se pudessem me ajudar no livro, e muitos contribuiram, ainda estou a espera dos vossos extraordinarios contos de veracidade, dos elementos que ficam e focam nos semblantes dum bom Depoimento. Sera para voces a grande dictatoria, um grande tributo e homenagem do que foram as maquinas da Historia Portuguesa e que nunca poderiam e NUNCA mesmo, sendo eu propria a esposa outrora e presentemente a VIUVA dum tao excepcional e galante General e sem mais, dedico novamente tudo a voces, e espero que me respondam no meu email de almeidabruno.filomenamaria@yahoo.com e vos convido de participar e ser parte do novo grupo ...General Joao e Filomena de Almeida Bruno. Ademais se nao me acreditarem que seja a esposa e viuva legitima do General Joao de Almeida Bruno, o casamento foi em 11 de Novembro de 2012, em Lisboa e a registracao foi em 2013. com elites testemunhas e tambem padrinhos mas ca o mais importante eh de vos demonstrar o orgulho que o meu falecido marido teve, tinha e ainda tem a voces todos. Por favor nao deixem de ver o video clip, de MEDINA DE BOE, A RETIRADA. Agradeco ao nosso formidavel amigo, Luis que me permitiu e me autorizou a escrever esse pequeno pormenor...e se ele me deixar ainda por ca o PREFACIO do livro que iniciei ha coisa de meses, seria sem embargo uma minha gratidao. Desde ja, irmaos, camaradas e amigos, vos desejo o melhor e espero que a MEDINA DE BOE, A RETIRADA, sera para todos vos. Continuo com a grande LEGACIA de o honrar e juntamente a voces todos grandes HOMENS DA NOSSA PATRIA PORTUGUESA. Por favor me deixe que continue com a grande LEGACIA. Respeito, honra, orgulho.

    Sem mais para todos, sou simplesmente,
    Filomena.
    almeidabruno.filomenamaria@yahoo.com (houve queixas em que a previa mensagem foi deleitada.)

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  5. almeidabruno.filomenamaria@yahoo.com

    Boas noites ca de Melbourne em Australia. Queria estabelecer uma coisa ca...que foi o meu erro...esqueci de agradecer os administradors e autores e que nao lhes tinham lhes agradecido anteriormente e estou a fazer ca novamente....perdoem me amigos pois so queria ajudar a falar dos grandes combatentes. Mama Sume aos Senhores Alvaro Bastos e Jorge Teixeira dando vos os parabens para esses grandes blogos e tambem ao formidavel Luis Graca outra coisa tambem...falando em bandos...que eu saiba o meu fabuloso marido, criou um pequenito grupo chamado A BANDA DOS CINCO...eram na epoca da Revolucao OS SETE MAGNIFICOS. Qualquer que seja, voces sao os HEROIS...e mais tarde irei por ca o Prefacio do livro A HOMENAGEM AOS GRANDES COMBATENTES DA GUERRA DO ULTRAMAR e muitos que leram o que escrevi ontem, teem por acaso seguido o que disse. Doravante grandes Herois o grupo de GENERAL JOAO AND FILOMENA DE ALMEID BRUNO, convida vos para nos juntarmos...Bem Hajam grandes herois.
    Com amor e grande orgulho
    Filomena de Almeida Bruno.

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