quarta-feira, 26 de novembro de 2008

P010-O Reencontro

Nos meus tempos de passagem por Mampatá Forreá, apaixonei-me por uma catraia, uma bebé de colo que "roubava" à mãe para levar comigo a passear pela tabanca.
Voltei lá à sua procura em 2008.
Tinha casado e fixado residência em Colibuia, pelo que não pude vê-la devido á falta de tempo.
Encontrei sua mãe, que se recordou do "Tissera, fermero".
O raio da miuda ficou-me gravada no coração e nunca mais de lá saíu.

MAIMUNA

Um amor que encontrei,
Me acompanhou e viveu,
Como eu.
A guerra que não queria,
Mas sentia,
Nas corridas para o abrigo,
Da mãe que fugia ao perigo.
Comigo aprendeste a andar,
No meio de balas, granadas,
Minas, na tua terra, semeadas.
Perigosas bonecas para o teu brincar.
E só de pensar,
Meu coração tremia
Que uma bala perdida,
Tua vida fosse roubar.
Eras a esperança.
O futuro que não queria perder.
Foste razão do meu viver.,
Quando aos ombros
Percorrias, comigo, os escombros.
Da guerra que nos fazia sofrer.
Abandonei-te
À guerra fugi.
Mas hoje.
quarenta anos depois, ainda gosto de ti.
Tu e eu.
Companheiros de horas vazias.
Passeios de sonho e esperança.
Teu chilrear de bonança
Enchia a minha alma,
E me transmitia imensa calma.
Eu, em troca, te abandonei.
Fugi e nada te dei.
Hoje,
Quero ver-te, tocar-te
E dizer-te.
Quanto te amei.
Zé Teixeira

Ansaro, a mãe da Maimuna em 2008


Eu e a Maimuna, no rescaldo de um ataque em 11 de Novembro de 1968

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