domingo, 30 de novembro de 2008

P022-O meu passado - Um desafio a viver

Não tenho direito a fotografias da minha infância, porque ao tempo, na minha aldeia não havia "kodak", mas tenho história como toda a gente e já que estamos numa de voltar ao passado e ainda bem, pois foi a base do nosso presente, aí vai a um pouco da história da minha vida que está a ser vivida com garra e alegria, devido também à amizade dos camaradas que em boa hora tenho vindo a conhecer e são todos vós os que trilhaste os caminhos da Guiné e lá deixaste uma parte, pequena ou grande, do vosso coração, tal como eu.

Vida

Não tinha alforge, nem pão,
Minha mãe, para me dar.
Apenas um grande coração,
E a sua coragem p’ra lutar,
Sem desanimar.
Fui gota de água, ao mar atirada,
Sozinho, sempre a caminhar,
Ribeiro ou rio, não me impediram de passar.
Comigo levava da mãe, o coração,
E uma vontade danada ,
Que dava alento, coragem, razão,
Para lutar.
Com as armas que tinha, seguir em frente
As mãos, o pensamento,
O querer imenso de vencer,
Para ser.
Aquilo em que não acreditava, muita gente.
Dez anos anos, uma criança.
Comigo, levava a esperança,
Os conselhos de uma mãe.
De me ver partir, sua dor.
O Sentido de Deus. A oração.
A honra do homem construtor,
Que não se deixa vencer pela tentação.
Segue em frente ( me dizia)
Honestamente.
Assim comecei a aventura
De crescer.
Viver esta vida dura.
Corri ao longo do rio, subi montes,
Desci calçadas, encontrei novas pontes.
Uma mão, um sorriso, aqui e além,
De esperança foram fontes.
Para alguém
Que procurava para a vida um Norte.
Talvez um pouco mais de sorte.
Para neste mundo viver. Um cantinho.
Para o pobre passarinho, tão cedo fora do ninho.
O aconchego. Um lugar onde sinta calor,
E alguém que lhe dê espaço. Amor.
Caminhando sempre, pela esperança animado
Outras vezes; só, triste e desalentado.
Conquistando palmo a palmo, saltando o muro.
Assim fui construindo o meu futuro.
Como amigos.
Alguns companheiros de jornada.
O mesmo caminho seguido com suor,
Lágrimas escondidas, raivosas. A dor do querer,
Para ter direito SER
Neste mundo demasiado estreito
Alguém que apenas quer viver.


Zé Teixeira

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